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China responde por 45,6% das exportações mineiras
08/11/2021 18:29 em Economia

A China segue como maior parceiro comercial de Minas Gerais. O gigante asiático respondeu por 45,6% das exportações e 22,3% das importações do Estado no decorrer do terceiro trimestre deste exercício, mesmo diante do desaquecimento econômico mundial, que tem sido puxado justamente por aquele País.

No mesmo movimento, os Estados Unidos se mantiveram como segundo maior parceiro comercial do Estado, respondendo por 6% das exportações e 12,6% das importações. Ainda integram a lista do comércio exterior mineiro nas exportações: Barein (5,3%), Países Baixos (3,9%) e Argentina (3,1%). Nas importações, constam Argentina (6,8%), Rússia (6,1%) e Itália (5,1%).

 

Os dados foram divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN) e da Gerência de Inteligência Competitiva, em um estudo sobre o panorama do comércio exterior com resultados do terceiro trimestre de 2021 em que se destaca a manutenção da trajetória de estabilidade do real, com pequenas oscilações frente ao dólar.

No terceiro trimestre, as exportações de Minas Gerais somaram US$ 10,9 bilhões, enquanto as importações foram de US$ 3,3 bilhões. Já no acumulado do ano os embarques chegaram a US$ 29,8 bilhões e as compras no mercado externo a US$ 9,1 bilhões.

De acordo com o analista do Centro Internacional de Negócios da Fiemg, Alexandre Brito, o resultado positivo reflete em parte as dificuldades apresentadas pelos mercados no decorrer do ano passado, em função da pandemia e, ao mesmo tempo, “pega carona” na recuperação mundial, que embora aponte alguma desaceleração, já foi suficiente para elevar os números do comércio exterior neste exercício.

“O desafio será no ano que vem. A desaceleração já ocorre, o que é nítido pela falta de insumos e problemas com fretes, mas o efeito negativo deverá vir apenas mais para frente. O resultado de 2021 até o nono mês já supera o de todo o ano passado, o desafio será manter o crescimento em 2022“, explica.

Ainda segundo a análise da Fiemg, quanto à indústria de transformação, os principais produtos enviados à China foram carnes e preparações (36,7%), ferro e aço (32,7%) e açúcares, preparações de açúcar e mel (16,4%). Já para os Estados Unidos foram ferro e aço (60%), produtos químicos inorgânicos (9,8%) e celulose e resíduos de papel (6,2%).

Embargo à carne bovina

Neste sentido, Brito diz que, até setembro, o embargo chinês à carne bovina brasileira, desde 4 de setembro, não havia causado tantos impactos nas compras daquele país. Porém, dados da balança de outubro já indicam que, no mês passado, o Brasil exportou apenas 82,18 mil toneladas de carne bovina, o menor volume desde junho de 2018.

“Nossa carne é excelente e muito competitiva. Além disso, já há negociações para que suspendam o embargo e estamos na expectativa que isso aconteça em breve”, comenta.

No caso das importações de itens da indústria de transformação, da China vieram principalmente máquinas e aparelhos elétricos e suas partes (20,7%), produtos químicos orgânicos (11,7%) e equipamentos de telecomunicações, gravação/reprodução (10,3%). Dos Estados Unidos, adubos (11,7%), veículos rodoviários (10,4%) e máquinas e aparelhos especializados para certas indústrias (9,4%).

Porém, pensando nas exportações gerais do Estado, os óleos animais e vegetais, gorduras e ceras tiveram o melhor desempenho do trimestre, crescendo 110% sobre o trimestre anterior. Em seguida, combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados cresceram 106% na mesma base de comparação e bebidas e tabaco 97,9%.

Nas importações, materiais em bruto, não comestíveis, exceto combustíveis cresceu 182,4% sobre o trimestre anterior, combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados (163%) e artigos manufaturados 83%.

Por falar em importações, sobre a redução temporária de 10% das alíquotas do Imposto de Importação incidentes sobre grande parte das compras feitas pelo Brasil no exterior, anunciada na sexta-feira (5) pelo governo federal, o analista do Centro Internacional de Negócios da Fiemg comenta que já estava sendo negociada e que num primeiro momento vai apenas facilitar a entrada de importações, sem qualquer impacto para as exportações.

Governo federal reduz em 10% tarifas de importação

Brasília – O governo anunciou, na sexta-feira (5), a redução temporária de 10% das alíquotas do Imposto de Importação incidentes sobre boa parte das compras externas do País, antecipando de forma unilateral iniciativa em negociação com os parceiros do Mercosul sob o argumento de que o Brasil tem urgência em lidar com a aceleração da inflação.

A medida valerá inicialmente até 31 de dezembro de 2022 e abrangerá cerca de 87% do universo tarifário do País. O objetivo, contudo, é que o corte se torne permanente a partir de um entendimento a ser pactuado no Mercosul nos próximos meses, afirmaram autoridades da equipe econômica.

“A razão de termos tomado essa medida agora, antes de que tenhamos um consenso entre os quatro membros do Mercosul, é a necessidade e urgência de atuar sobre a inflação”, disse a jornalistas o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Roberto Fendt, ressaltando que não há “ilegalidade” na iniciativa do Brasil.

O secretário afirmou que o corte tarifário foi definido em linha com negociação já feita com a Argentina e o Paraguai. A ideia agora é chegar a um entendimento com o Uruguai para que, a partir de um consenso no bloco, a iniciativa seja incorporada de forma permanente à Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul.

O secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, disse que o Brasil defendia que a redução tarifária abarcasse 100% da pauta de importação, mas que, a pedido da Argentina, ficaram de fora produtos de regimes especiais – vestuário, calçados, lácteos e pêssegos – além de veículos e peças com tarifa acima de 14%.

Segundo Ferraz, a estimativa é de que a redução das tarifas anunciada na sexta tenha um impacto de -0,3% no nível de preços de longo prazo (10 a 15 anos) da economia brasileira.

Ainda segundo as projeções do governo, a medida gerará um aumento acumulado de R$ 246 bilhões para o PIB do País até 2040 e uma alta de R$ 139 bilhões dos investimentos. Já as importações aumentarão R$ 290 bilhões e as exportações, R$ 280 bilhões no mesmo período.

“Desde que a TEC foi criada, em 1994, esse é o primeiro movimento concreto, ambicioso, de redução da nossa tarifa externa comum”, disse Ferraz.

“Não se trata aqui de um movimento hostil ao Mercosul, o Brasil valoriza o Mercosul, o Brasil na verdade quer um Mercosul forte, moderno, que de fato responda aos anseios da sociedade brasileira”.

Fonte: https://diariodocomercio.com.br/

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