Offline
Vacina ‘universal’ contra coronavírus pode estar perto
11/05/2021 18:55 em Tecnologia

 

Estudo de pesquisadores da Duke University, nos Estados Unidos, aponta que pode estar próximo o desenvolvimento de uma vacina “universal”, que ofereça proteção contra atuais e futuros betacoronavírus. O trabalho, publicado ontem de forma preliminar na plataforma on-line da revista científica “Nature”, foi bastante comentado em redes de cientistas, que o consideraram “muito promissor”.

 

Nos últimos 20 anos, o mundo viu surgir epidemias provocadas pelos chamados betacoronavírus, como os que causaram a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e a covid-19. Todos têm em comum o fato de usarem a chamada proteína Spike para se conectarem ao receptor ACE2, que fica na membrana das células humanas, e assim atacarem o organismo.

 

A comunidade científica acredita que outras epidemias serão causadas por esse tipo de vírus no futuro e que o patógeno, provavelmente, terá a característica de conexão proteína Spike e receptor ACE2. Por isso, a importância de uma vacina universal.

 

 

“Os betacoronavírus já causaram vários surtos e provaram ser um gênero bem perigoso para os humanos. Então, há um alerta constante com eles”, afirma a bióloga Beatriz Carniel, doutora em medicina tropical pela Universidade de Liverpool, do grupo Ação Covid-19.

 

 

No trabalho da Universidade Duke, liderado pelo pesquisador Kevin Saunders, foram vacinados grupos de macacos com uma vacina de nanopartículas (que leva partes da proteína Spike do coronavírus) e outra de RNA mensageiro, ou mRNA, análoga às desenvolvidas por Pfizer e Moderna. Depois, os pesquisadores inocularam vírus da Mers, da Sars e da covid-19 nesses grupos, que foram comparados a outros infectados e não vacinados. No caso da covid-19, os pesquisadores utilizaram a variante brasileira (P.1), a da África do Sul (B.1351) e a de Wuhan, na China (B.1.1.7).

 

 

Os resultados mostraram que as duas vacinas são eficazes contra todos os coronavírus, ao bloquear o acesso da proteína Spike ao receptor ACE2, embora o imunizante de nanopartículas tenha sido mais eficiente que o de mRNA na indução de anticorpos neutralizantes. Ambas as vacinas também foram eficientes contra todas as variantes do Sars-Cov-2. Houve uma produção menor de anticorpos contra as variantes sul-africana e brasileira, na comparação com a variante de Wuhan, mas ainda assim a resposta foi satisfatória.

 

 

No trabalho, os pesquisadores ressaltaram que as atuais vacinas de mRNA podem oferecer alguma proteção contra futuros surtos desses patógenos e, assim, fornecer uma plataforma para o desenvolvimento de vacinas “pan-betaCov”.

 

 

“A ideia é que, se as vacinas conseguem induzir a produção de anticorpos que atacam diferentes tipos de coronavírus, elas podem ser usadas como uma vacina universal, para uma imunização geral. Essa é a grande importância”, diz Beatriz.

 

 

O próximo passo da pesquisa é a testagem em pequenos grupos de humanos e, depois, em grandes contingentes, de milhares de pessoas, nos chamados estudos de fase 3, como ocorreu com outras vacinas.

 

 

 

Fonte: https://valor.globo.com/

 

COMENTÁRIOS